Christian Lüchau, Kuehne + Nagel: “Essa ano conseguimos quase dobrar os volumes de carga na Colômbia em relação a 2013”

Nesta edição, Pablo Canales, Diretor Executivo da LAN CARGO Colômbia, entrevista Christian Lüchau, Gerente Regional de Perecíveis para a América Central e América do Sul da Kuehne + Nagel, sobre os desafios da indústria na região, a relação comercial como sócios estratégicos e as projeções para 2015.

Com mais de 30 anos de carreira e com passagem pelo setor financeiro, em 2011 o administrador de empresas Christian Lüchau assumiu o cargo de Gerente Regional de Perecíveis para a América Central e do Sul da Kuehne + Nagel.

A Kuehne + Nagel é um dos principais clientes da LAN CARGO e, no caso do norte da América do Sul, o maior exportador de flores. As companhias mantém uma relação comercial de longa data, que se fortaleceu com o tempo.

Pablo Canales (PC): Para o setor de cargas em geral, este ano não foi como esperávamos. Como você viu 2014?

Christian Lüchau (CL): Foi um ano complexo, estamos enfrentando uma redução do transporte de carga em nível mundial, com maior impacto nas empresas de carga em 2014. Como disse há alguns meses a especialista em aviação Claudia Velásquez no El Portafolio (publicação colombiana), o transporte aéreo de carga está intrinsicamente relacionado a fatores econômicos externos e, nos últimos quatro anos, vem sofrendo redução mundo todo, o que, sem dúvida, afeta a indústria. Se compararmos os primeiros cinco meses do ano com 2013, houve redução de 2,3 mil toneladas de carga.

A Colômbia, particularmente, foi um caso especial. Apesar da queda de 3,6% no mercado internacional, aproximadamente 8,6 mil toneladas, o mercado doméstico colombiano cresceu 10,9%, cerca de 6,3 mil toneladas.

No caso da América Latina, uma grande influência foi o mercado brasileiro, já que o país lidera a movimentação de cargas na região. De qualquer forma, os especialistas apontam uma recuperação da economia brasileira, o que deve afetar diretamente o negócio de carga no continente.

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PC: Você tem muitos anos de experiência na área, especialmente com produtos perecíveis. Com toda essa experiência, quais foram as principais mudanças que você observou no negócio aéreo de carga perecível nos últimos anos?

CL: Com o passar dos anos, observamos uma grande mudança estratégica. Esse ano vimos avanços, entre outras coisas, em comunicações, emissão de documentos, gestão de reservas e transmissões eletrônicas, o que tornou o negócio ainda mais rápido e dinâmico.

PC: Um negócio ainda mais rápido e dinâmico… Você consegue citar um exemplo concreto disso?

CL: O desenvolvimento da tecnologia nos permitiu reduzir consideravelmente o tempo de resposta ao cliente sobre o estado da sua carga. Isso se deve às informações fornecidas pelas companhias aéreas sobre atrasos de voos, o que permite diminuir de maneira importante os tempos de reação para solução de eventuais problemas.

A tecnologia nos permitiu fortalecer nossa relação com os clientes e nos comunicar com eles quando necessário para oferecer soluções efetivas.

PC: Deixando um pouco de lado a indústria em geral e nos concentrando em vocês, como foi o ano de 2014 para a Kuehne + Nagel?

CL: De maneira geral, este foi um bom ano para a Kuehne + Nagel. O trabalho que realizamos em conjunto com a LAN CARGO nos permitiu alcançar um importante crescimento em perecíveis na Colômbia, onde conseguimos quase dobrar os volumes de carga em relação a 2013.

PC: Essa é uma excelente notícia considerando o cenário atual do setor e os diversos pontos que já discutimos. Praticamente já viramos o ano e todos esperamos que o próximo ano traga melhores resultados. Quais as projeções e desafios da Kuehne + Nagel na região para 2015?

CL: A Kuehne + Nagel é líder em exportação de perecíveis na região e as nossas projeções e desafios buscam alcançarmos a liderança nos países em que ainda não temos essa posição.

Apesar disso, como consequência da desvalorização cambial, esperamos uma contínua redução das importações na região, o que sabemos que irá impor desafios para os exportadores de perecíveis, seja pelo aumento de tarifas e/ou redução da capacidade. Na Kuehne + Nagel, esperamos manter nossos negócios atuais e crescer regionalmente, de forma a fortalecer a companhia em todos os países da América Latina.

O desenvolvimento das exportações aéreas de perecíveis na América Latina é importante e o continente é hoje um grande exportador de flores, frutas, pescados, ervas aromáticas e vegetais. Nesse sentido, buscamos potencializar a comercialização desses produtos e atingir todos os países da América Central e do Sul. Para isso, iremos tirar proveito da rede de mais 1 mil escritórios localizados em mais de 100 países no mundo todo.

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PC: Com essa meta em mente, quais projetos interessantes vocês têm no curto e no longo prazo para o negócio de perecíveis?

CL: De maneira concreta, estamos trabalhando no desenvolvimento de novas aplicações que melhorem nosso serviço e na implantação do sistema de perecíveis KNFresh em toda a região.

PC: Muito interessante. Poderia explicar o que é o KNFresh?

CL: KNFresh é o software que utilizamos para controlar e executar o processo de carga perecível. Ele contempla desde as reservas da companhia aérea por parte dos exportadores até o preenchimento de toda a documentação para despacho, acompanhamento de carga e notificação dos clientes.

PC: É uma ferramenta muito útil! Sobretudo para os processos de rastreamento, que é um dos serviços mais importantes para os clientes, principalmente aqueles que enviam produtos perecíveis. Agora, quando você fala em novas aplicações que melhorem o serviço, quais são eles e quais seriam essas melhorias?

CL: Na Kuehne + Nagel, contamos com um departamento de Desenvolvimento e Tecnologia. A partir dele, criamos ferramentas inovadoras que nos permitem estar na vanguarda da tecnologia e fazer com que ela contribua para os nossos processos. Assim, melhoramos o atendimento aos nossos clientes ao prestar informações mais exatas e precisas em tempo real, através de aplicativos para telefones e aplicações especializadas para o negócio e recepção de dados.

Todas essas ferramentas nos ajudam a melhorar o serviço que prestamos aos nossos clientes.

PC: Um dos produtos mais importantes para vocês na região são as flores. O que a Kuehne + Nagel espera desse mercado para o ano que está começando?

CL: Como consequência da dinâmica mundial e flutuação das moedas, pode-se prever uma desaceleração da exportação de flores a partir da Colômbia e do Equador para os mercados afetados pela desvalorização cambial das suas moedas. Países como Rússia, Japão e Austrália, entre outros, registraram uma desvalorização considerável em suas moedas e, como consequência disso, os exportadores buscarão aumentar suas vendas para países como Estados Unidos e Canadá.

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PC: Com relação aos negócios e a relação de trabalho que une as nossas empresas, como você avalia a relação entre a LAN CARGO e a Kuehne + Nagel? E qual seria o papel da LAN CARGO dentro da estratégia regional da Kuehne + Nagel para 2015?

CL: A LAN CARGO é e continuará sendo nossa companhia aérea de preferência. Registramos um crescimento expressivo do volume de negócios, o que indica que a LAN CARGO atingiu seus objetivos de qualidade e prestação de serviços.

Além disso, a LAN CARGO é o nosso sócio estratégico no negócio de perecíveis e queremos aproveitar sua presença nos países da América Central e América do Sul para atingirmos os desafios propostos para 2015.

PC: É uma aliança poderosa e ambas as partes desejam que ela seja bem sucedida. Nesse sentido, que ações você nos recomendaria para que a LAN CARGO contribua para os projetos da Kuehne + Nagel para 2015?

CL: A LAN CARGO é uma empresa que compreende perfeitamente o seu papel, sua importância no negócio e a gestão de todo tipo de carga. No caso dos perecíveis, ela sabe que durante o transporte é fundamental manter a cadeia de resfriamento e que as condições especiais sejam cumpridas à risca. Isso ajuda a garantir a qualidade e o esforço dos produtores em cada país.

O tempo de vida útil das flores é crucial, e torna essencial o cumprimento rigoroso dos itinerários para que a sua qualidade seja mantida e evite-se custos desnecessários na cadeia.

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PC: Mudando radicalmente de assunto, você poderia listar alguns motivos para se visitar a Colômbia?

CL: As pessoas devem conhecer a Colômbia por diversas razões, por sua diversidade cultural, étnica e geográfica, por exemplo. Mas o mais importante, pelo menos para mim, é a receptividade do seu povo. Somos um país de muita alegria, sorriso e carisma, por isso somos conhecidos como um dos países mais felizes do mundo.

PC: E que lugares do país você recomenda visitar?

CL: Depende muito do interesse do viajante. Se for ecoturismo, temos o Amazonas, os Llanos Orientales, a Sierra de la Macarena, a zona cafeicultura e diversos outros lugares que valem a visita. Os que procuram aventura poderão disfrutar de um final de semana em San Gil, visitas a Guajira ou fazer um hiking até a Ciudad Perdida em Santa Marta. Se querem conhecer mais sobre o folclore e se misturar com os locais, podem ir ao carnaval de Barranquilla, a Feria de las Flores em Medelín, às festas de San Juan e San Pedro em Huila, ou às festas de Blancos y Negros em Neiva e ao festival Vallenato em Valledeupar. Há também paisagens maravilhosas como rio das sete cores em Caño Cristales. Podem ainda terminar o ano dançando na famosa Feira de Cali.

PC: Para um plano de 3 dias em Bogotá, quais são os melhores locais para se conhecer, comer ou dançar rumba?

CL: Sem dúvida, descobrir nossos tesouros no Museo del Oro, apreciar as pinturas do maior artista da Colômbia no Museo Botero e desfrutar da vista de Monserrate a 3000 metros de altitude. Comer em lugares tradicionais como Pajares, La Braserie ou Criterión e, se tiver tempo para dançar rumba, o melhor lugar de Bogotá é o Andrés Carne de Res.

PC: Muito obrigado, Christian, pela enriquecedora conversa e as boas recomendações. Esperamos que a Kuehne + Nagel tenha um excelente ano de 2015 e que possa seguir crescendo junto à LAN CARGO.